Metamorfose - Funk nacional

Claro que eu aceito as mudanças da vida. Claro que eu não tenho preconceito com nenhum tipo de arte. Mas desde quando pornografia é arte?


O funk decaiu moralmente de um jeito nunca antes visto no mundo da música. Tudo bem, o happy rock também foi uma grande metamorfose. Mas ele veio do emotional hardcore. E esse, por sua vez, teve origem no hardcore e punk rock. Vieram de algum lugar!


O estilo puramente libidinoso do funk atual não tem origem! Ninguém faz esse tipo de som. Foi criação dos brasileiros! Pra não dizer cariocas outra coisa.


Eu também gosto de conteúdo adulto, apelo sexual – acho engraçado –, mas tem hora e lugar! O chamado funk proibido veio pra, quase que literalmente, ensinar às pessoas a transar.


Se isso continuasse como era antigamente (lá em dois mil e minha infância): quando os bailes tinham certo controle sobre as músicas e o seu conteúdo erótico, tudo bem! Quem queria participar da putaria sacanagem, participava! Mas nããã... Qualquer criança que saiba mexer na internet pode ouvir essas músicas.


Não vou crucificar o estilo – pelo menos não por inteiro – até por que eu já dancei muito funk nessa vida e tinha orgulho de dizer que pegava as cachorra. Só que era mais pela parte da diversão, da brincadeira, da ironia, que eu dizia coisas assim. Hoje em dia, tudo mudou.


As pessoas praticamente incitam a violência de caráter sexual. Não estou dizendo que ser funkeiro é uma desculpa para cometer um crime. Mas, para uma mente doentia, ver uma menina de 14 (sim, catorze!) anos dançando loucamente um ritmo cuja melodia diz: Quero te dar, quero te dar, quero... é uma requisição de estupro!


E acaba acontecendo o que aconteceu com uma conhecida minha. Fato: ela foi estuprada, espancada e ficou paraplégica. Não quero parecer demasiado politicamente hipócrita dizendo que o fato dela ir a bailes funk, raves, festas particulares e participar de muitas baladas mutcho lokas libertinas culminou na violência. Mas que ajudou, ajudou!


E agora eu pergunto: Cadê o governo pra tomar providências sobre isso? Por que não é mais um problema da classe baixa, as patricinhas também dançam até o chão e muitas são filhas de socialites e empresários. O governo só liga pras coisas que o afetam, mas já deu, né?!


Eu não sei vocês, mas esse papo de “meu filho vai ouvir o que ele quiser” não se enquadra a mim. Meu filho vai ouvir o que ele quiser DESDE QUE NÃO SEJA FUNK!


Agora, pra exemplificar o que foi lido, dois vídeos

1 comentários:

Deb D disse...

Bom texto, e falaste com propriedade. Ninguém consegue imaginar pelo que a tua amiga passou. É duro ter que aceitar que a gente se arrisca na maior inocência a perder, justamente, a inocência. Espero que ela esteja bem, na medida do possível.

O Funk nacional é aqui o que o Rap e o Hip Hop são lá fora: sem limites para a realidade que mostram. Exagerado, focado em coisas que parecem legais, mas não são. Aonde que uma vida de sexo, dinheiro e violência é uma coisa boa? Se os adultos têm seus problemas com esses três tópicos, como vai ser para um jovem inexperiente? E dê-lhe criança fazendo criança.
Nada pior do que crianças precoces, que aprendem antes do tempo. Porque não aprendem com calma, é tudo correndo. Muita coisa fica mal vista, isto é, eles não se aprofundam no aprendizado. Quem aprende mal, desaprende o bem que lhe ensinaram.
É tudo uma questão de foco. Se o foco é sexo, os relacionamentos se estragam. Se o foco é violência, a dor é uma constante. Se o foco é dinheiro, o espírito se esvazia. Que valores as crianças aprendem com isso? Criança tem tão pouca bagagem que a gente diz que não tem nenhuma, mas tem sim! A criança tem a bagagem familiar. Sentimentos, crenças e valores que se perdem quando elas são forçadas a olhar para coisas que não entendem. Quando a gente não entende o que vê, baseia o entendimento nas sensações. Se uma coisa te diverte, te dá prazer, tu não vais enxergar o quanto ela pode te prejudicar. É assim com tudo: drogas, relacionamentos, hábitos, trabalho... Até o que é bom e necessário, quando desmedido prejudica. Que dirá o que é inicialmente fraco de caráter!
Quem é o mau nessa história: o funkeiro ou os pais? Os pais. Sim, porque repressão é um mal e liberdade é um bem... Só que não! Repressão a violência, por exemplo, é um bem. Vou citar uma das coisas que meu pai diz e que eu detesto ouvir, porque parece preconceito, mas é muito bom senso na real "Eles falam que isso é liberdade de expressão, mas não, isso não é liberdade. Isso é libertinagem de expressão." Mais claro do que isso, só água.
Queres ser sincero? Queres falar da tua realidade? À vontade, amigo, mas com responsabilidade. É aquela velha história: O problema em se ter a mente aberta, é que as pessoas vêm e colocam lixo nela. A gente é assim. Quem fala tem que se responsabilizar pelo que fala. Ninguém é obrigado a entender todo mundo. Haja paciência! Haja respeito!

Falei muito, mas falei o que penso. E estou pronta a responder por isso.

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